Flor de Laranjeira confidencia-nos, através do olhar de um neto e o realizador, a história de uma mulher que, regida pela sua integridade e orgulho, opta por criar a sua filha sozinha em plena região rural portuguesa dos anos 50.

1990 é o ano da primeira carta. Através desta e das que se seguiram desenha-se um puzzle de memórias fragmentadas de uma mulher. Agarrando-se às recordações que a assombram e consolam, tenta reconstruir a sua identidade quebrada, escrevendo confissões aos grandes amores que perdeu: o marido e a filha.

Luca tem oito anos e a sua mãe suicidou-se recentemente. No rescaldo traumático da morte da mãe, ele continua a vê-la. O pai tenta explicar-lhe que a mãe está morta e desapareceu para sempre. Para Luca, a mãe é real e continua viva.

Afonsa, uma mulher nascida e criada nas zonas rurais, sempre encontrou na agricultura o seu meio de subsistência. Aos 84 anos, enfrenta a dura realidade da sua fragilidade física, incapaz de realizar as tarefas que antes desempenhava com a agilidade da juventude. Enquanto se vê violentada neste doloroso impasse da velhice, Afonsa recorda memórias de tempos efémeros vividos no campo.